Até o dia 25 de setembro, os espaços expositivos do Centro de Cultura e Turismo da Fiemg, na praça Tiradentes, em Ouro Preto, apresentam uma exposição de Miguel Rio Branco, fotógrafo e artista plástico reconhecido entre os mais instigantes e elogiados da atualidade internacional. Um dos principais pavilhões de Inhotim foi especialmente criado para acolher uma instalação de Rio Branco.
Para o prefeito Angelo Oswaldo, “a iniciativa é das mais importantes na programação cultural de Ouro Preto, no tricentenário de Vila Rica e no quadro do festival Tudo é Jazz, que ocorre no final do mês. A cidade tem o privilégio de receber uma exposição de Miguel Rio Branco e poder mergulhar no turbilhão das imagens que ele capta com uma sensibilidade única”.
Bernadete Cunha, diretora do Centro da Fiemg, destacou o significado da presença de Rio Branco no espaço “aberto a uma reflexão cada vez mais ampla sobre os rumos da produção contemporânea”. Segundo ela, a participação de Rio Branco provoca interesse ainda maior no grande número de visitantes de Ouro Preto e de todas as partes do mundo que diariamente circulam no centro cultural da Praça Tiradentes.
Miguel Rio Branco em Ouro Preto
Rodrigo Moura
Curador de arte
“Perdão, Senhor, por não amar-vos.”
CDA
A associação da obra de Miguel Rio Branco com o barroco é precisa. Sua filiação com esta estética se revela no seu interesse pelo corpo frágil ou fragmentado, pela arquitetura colonial em decadência, pelas cores saturadas e pelas formas não lineares, pela voluta, pela curva, pelo excesso e pela intoxicação. Esta associação é, primeiramente, de ordem espiritual, se não ideológica. Se há a idéia de um apagamento do barroco no imaginário brasileiro, donde se fala do sequestro do barroco na formação estético-literária brasileira, a obra de Miguel está a desmenti-lo fortemente. Não fortuitamente, esta obra encontrou na antiga cidade de São Salvador da Bahia um de seus principais modelos e palcos de desenvolvimento, por meio da hoje já mítica série que retratou a prostituição no Pelourinho. Salvador é o grande foco do Barroco literário brasileiro na obra poética de um Gregório de Mattos. Trazer a obra de Rio Branco pela primeira vez a Ouro Preto reforça de maneira quase voluptuosa esta associação. Na antiga Vila Rica, se desenvolveu a melhor parte do barroco brasileiro na arquitetura, na pintura e na escultura. Disposta na Praça Tiradentes, sua obra está literalmente a apenas alguns passos de distância da magnífica Igreja de São Francisco de Assis e de suas obras maiores de Ataide e de Aleijadinho. O barroco de Rio Branco, contudo, é sobretudo ateu, ou antes, vê santidade e beatifica as coisas mais banais e desprovidas de aura. È o corpo anônimo do anti-heroi, trabalhador, lutador ou prostituta, comparado ao do animal ou da imagem sacra inanimada; é o dourado dos altares, mas também o vermelho dos prostíbulos; é o detalhe da arquitetura, sem função, revivido na fotografia de forma a se tornar um ornamento maravilhoso; é o descarte, o lixo, o trapo impuro impregnado de sangue, suor ou sêmen. Nas suas naturezas mortas, Miguel, contudo, não manipula ou interfere na cena. São imagens captadas do real que, filtradas por seu olhar poético e antidescritivo por natureza, barroco, se tornam mais estranhas que a ficção.
Obras: 18 (fotografias solo, dipticos, triptico e polipticos) (Títulos: Mãos de Santiago, Geometria do desejo, She looked tenderly, Blue velvet, Espuma dos dias, O equilibrista e o circo, Bzzz, Golden feet dream, Voyage Fugu, JAZZ, Sophisticated lady, Maison carrée, Toalha rosa, Dark Vader, Caranguejo amarelo, Fleur Rouge, Sleeper, Espetinho de camarão).
Estandartes: 29 (criados por Bia Lessa).
Para o prefeito Angelo Oswaldo, “a iniciativa é das mais importantes na programação cultural de Ouro Preto, no tricentenário de Vila Rica e no quadro do festival Tudo é Jazz, que ocorre no final do mês. A cidade tem o privilégio de receber uma exposição de Miguel Rio Branco e poder mergulhar no turbilhão das imagens que ele capta com uma sensibilidade única”.
Bernadete Cunha, diretora do Centro da Fiemg, destacou o significado da presença de Rio Branco no espaço “aberto a uma reflexão cada vez mais ampla sobre os rumos da produção contemporânea”. Segundo ela, a participação de Rio Branco provoca interesse ainda maior no grande número de visitantes de Ouro Preto e de todas as partes do mundo que diariamente circulam no centro cultural da Praça Tiradentes.
Miguel Rio Branco em Ouro Preto
Rodrigo Moura
Curador de arte
“Perdão, Senhor, por não amar-vos.”
CDA
A associação da obra de Miguel Rio Branco com o barroco é precisa. Sua filiação com esta estética se revela no seu interesse pelo corpo frágil ou fragmentado, pela arquitetura colonial em decadência, pelas cores saturadas e pelas formas não lineares, pela voluta, pela curva, pelo excesso e pela intoxicação. Esta associação é, primeiramente, de ordem espiritual, se não ideológica. Se há a idéia de um apagamento do barroco no imaginário brasileiro, donde se fala do sequestro do barroco na formação estético-literária brasileira, a obra de Miguel está a desmenti-lo fortemente. Não fortuitamente, esta obra encontrou na antiga cidade de São Salvador da Bahia um de seus principais modelos e palcos de desenvolvimento, por meio da hoje já mítica série que retratou a prostituição no Pelourinho. Salvador é o grande foco do Barroco literário brasileiro na obra poética de um Gregório de Mattos. Trazer a obra de Rio Branco pela primeira vez a Ouro Preto reforça de maneira quase voluptuosa esta associação. Na antiga Vila Rica, se desenvolveu a melhor parte do barroco brasileiro na arquitetura, na pintura e na escultura. Disposta na Praça Tiradentes, sua obra está literalmente a apenas alguns passos de distância da magnífica Igreja de São Francisco de Assis e de suas obras maiores de Ataide e de Aleijadinho. O barroco de Rio Branco, contudo, é sobretudo ateu, ou antes, vê santidade e beatifica as coisas mais banais e desprovidas de aura. È o corpo anônimo do anti-heroi, trabalhador, lutador ou prostituta, comparado ao do animal ou da imagem sacra inanimada; é o dourado dos altares, mas também o vermelho dos prostíbulos; é o detalhe da arquitetura, sem função, revivido na fotografia de forma a se tornar um ornamento maravilhoso; é o descarte, o lixo, o trapo impuro impregnado de sangue, suor ou sêmen. Nas suas naturezas mortas, Miguel, contudo, não manipula ou interfere na cena. São imagens captadas do real que, filtradas por seu olhar poético e antidescritivo por natureza, barroco, se tornam mais estranhas que a ficção.
Obras: 18 (fotografias solo, dipticos, triptico e polipticos) (Títulos: Mãos de Santiago, Geometria do desejo, She looked tenderly, Blue velvet, Espuma dos dias, O equilibrista e o circo, Bzzz, Golden feet dream, Voyage Fugu, JAZZ, Sophisticated lady, Maison carrée, Toalha rosa, Dark Vader, Caranguejo amarelo, Fleur Rouge, Sleeper, Espetinho de camarão).
Estandartes: 29 (criados por Bia Lessa).
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