Foi construída em torno de uma capela erguida a partir de 1696[2] ou nos primeiros anos do século XVIII e ampliada em 1712 com recursos dos devotos, embora as intervenções principais tenham seguido até o final do século.[3]
Já a devoção de Nossa Senhora do Pilar foi trazida provavelmente de São Paulo, na bandeira de Bartolomeu Bueno, tendo a imagem sido entronizada na primitiva capelinha que antecedeu o templo.[2]
A Paróquia do Pilar foi a mais rica e populosa em Vila Rica, já que reuniu o maior número de irmandades e, por isso, a Matriz recebeu mais ornamentos em preparação para uma "boa morte".[3] As irmandades tinham lugares específicos dentro do templo, uma forma de representar e expressar a hierarquia social dos fieis.[4]
O "livro de compromissos" relacionava a participação das irmandades Santíssimo Sacramento (1712), Nossa Senhora do Pilar (1712), São Miguel e Almas (1712), Rosário dos Pretos (1715), Senhor dos Passos (1715), Sant'Anna (primeiro quartel) e Nossa Senhora da Conceição (até o primeiro terço do século XVIII).[5]
A igreja está localizada na Praça Monsenhor Castilho Barbosa.
Aspectos arquitetônicos
Seu projeto é atribuído ao engenheiro militar Pedro Gomes Chaves Xavier[6][7] a partir de traçado poligonal de 1736 atribuído a Antônio Francisco Pombal.[7]
A disposição da construção é em cruz latina, concepção de linhas retas que não pode ser remetida ao barroco.[3]
Entre 1828 e 1848, o frontispício foi reconstruído em pedra.[3]
Uma das peculiaridades deste templo é a transposição da porta de entrada, um recurso utilizado para causar "uma sensação de surpresa e encanto".[7]
Seu interior é ornamentado com o trabalho de carpintaria feito por Antônio da Silva e Antonio Francisco Pombal,[3] irmão do pai de Aleijadinho.[8]
A talha da capela-mor, considerada a obra-prima do gênero no período,[7] foi realizada por Francisco Xavier de Brito e executada de 1746 a 1751, ou seja, até a sua morte.[3] O trabalho inclui a Virgem do Pilar entronizada em local tradicionalmente reservado ao Santíssimo Sacramento e a coroação é rodeada por vários anjos e querubins de diferentes tamanhos.
As colunas salomônicas e as pilastras chamadas de quartelões foram adotadas como elementos de suporte,[7] mas também exaltam a força e a virilidade.[4]
O arco-cruzeiro teve o trabalho do entalhador Ventura Alves Carneiro em 1751. O resplendor do trono da capela-mor recebeu em 1754 a talha de José Coelho de Noronha.[3]
A talha variou do estilo nacional-português ao joanino.[3]
Os altares de São Miguel, dos Passos, Rosário dos Pretos e Sant'Anna foram feitos entre 1733 e 1735 por Manoel de Brito. O único altar que não teve seus trabalhos foi o de Santo Antônio.[3]
O trabalho de pintura e um artifício "cênico", a marmorização, foram feitos por João de Carvalhais e Bernardo Pires.[4]
O forro da nave tem um conjunto pictórico rococó de 1768 também atribuído a João de Carvalhais.[3] São quinze painéis com molduras marmorizadas e faiscadas que retratam passagens do Antigo Testamento.[4]
O templo teve também obras no telhado e instalação de para-raios.[9]
As cores seguem o padrão cromático atual e as características de uma fotografia datada de 1988, data da última vez que o templo foi pintado. As cores são vermelho sangue-de-boi, verde colonial e amarelo ocre nas janelas, portas e molduras; alvenarias em branco-neve; e gradis em preto. As molduras em massa, em amarelo claro, estão nos cunhais posteriores, cimalhas e volutas do frontão da fachada principal.[9]
A tinta utilizada, nas atuais intervenções, é mais natural, à base de silicato e com a cal, aspectos que conferem mais durabilidade, resistência, impermeabilidade e desempenho técnico.[9]
Visitação: Ter a Dom 09h às 10h45 e 12h às 16h45
*Ingresso: Inteira R$ 4,00 / Meia R$ 2,00
* O ingresso é válido para visitação da igreja de nossa Senhora do Pilar, do Museu de Arte Sacra com muitas outras atrações, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário e da Igreja de São Francisco de Paula
Referências
1.↑ BASTOS, Rodrigo Almeida. (2007). A ordem sagrada da república colonial. Revista Urbana. 1 (1)
2.↑ a b ALVES, Célio Macedo. Um Estudo Iconográfico. In: COELHO, Beatriz (org.). Devoção e Arte. 1a edição. São Paulo: Edusp, 2005
3.↑ a b c d e f g h i j CAMPOS, Adalgisa Arantes. Roteiro Sagrado: monumentos religiosos de Ouro Preto, Editora Francisco Inácio Peixoto. Belo Horizonte, 2000. p.9-16
4.↑ a b c d e f FERNANDES, Luciano de Oliveira. (2009). A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto: teatro sacro e alegorias de um discurso teológico-político. II Encontro Memorial do ICHS-UFOP
5.↑ CAMPOS, Adalgisa Arantes. Introdução ao Barroco Mineiro, Editora Crisálida. Belo Horizonte, 2006. p.14
6.↑ Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar. Página visitada em 09/08/2008.
7.↑ a b c d e OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. Barroco e rococó na arquitetura religiosa da Capitania de Minas Gerais. In: História de Minas Gerais - As Minas Setecentistas - v.2. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p.365-382
8.↑ MENEZES, Ivo Porto. (2007). Os frontispícios na arquitetura religiosa em Minas Gerais. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo. 14 (15)
9.↑ a b c BRAGA, Ernesto.(2 de abril de 2010). Vida longa para dois monumentos. Caderno Gerais. Jornal Estado de Minas
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