Matéria original: G1 Rio - Henrique Porto
Baseada no livro "Flores raras e
banalíssimas", de Carmem Lucia de Oliveira, a produção do longa-metragem
de Bruno Barreto que despertou a curiosidade dos moradores e visitantes da cidade começou a ser filmada no dia 11 de junho. O filme destaca o
romance entre a brasileira Lota de Macedo Soares, interpretada por Glória
Pires, que idealizou e supervisionou a construção do Parque do Flamengo (também
conhecido como Aterro do Flamengo), e a ganhadora do Prêmio Pulitzer de 1956,
Elizabeth Bishop, poeta que morou em Ouro Preto em meados dos anos 1960 e 1970.
As filmagens na cidade aconteceram
nos dias 01 e 02 de agosto na Praça Tiradentes, no Hotel do Teatro Casa da Ópera e na Estação Ferroviária.
"Sabemos que a questão do
homossexualismo é um grande atrativo, mas não estamos discutindo aqui a opção
sexual dela (Lota), e sim
como eram essas pessoas, e a obra que deixaram. Isso me atrai muito e espero
que tenha bastante impacto. Mas espero que as pessoas vejam a questão de outra
forma e que não se preocupem tanto com isso", disse Glória, que preferiu
não polemizar durante a entrevista coletiva realizada no fim da tarde desta
quinta (31), num hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Para a atriz, o longa faz justiça à
história de Lota e dá a oportunidade do grande público conhecer um pouco mais
sobre a arquiteta brasileira, sua personalidade forte e seu legado para o Rio.
"Achei muito bacana a possibilidade
de podermos consertar algo historicamente errado. É uma grande injustiça Lota
não ser reconhecida por sua participação na vida da nossa cidade. Sendo uma
personagem tão forte, uma mulher inovadora à frente do seu tempo e extremamente
culta, achei toda essa junção de atrativos muito emocionante", exaltou.
O diretor, que elogiou o desempenho da
atriz nos ensaios ("ela já é a personagem depois de dez dias"),
adiantou que há apenas uma cena mais explícita, quando as duas personagens
fazem sexo pela primeira vez.
"Ao mesmo tempo que nos preocupamos
em acentuar o assunto, tomamos muito cuidado para não evitá-lo. Porque também
seria errado", comentou Barreto. "Mas eram os anos 50. O Brasil é
aparentemente liberal mas, no fundo, somos muito conservadores. Naquela época,
mais ainda", complementou o cineasta, revelando que mais 90% do filme é
falado em inglês.
A relação entre Lota e Bishop é ganha mais
dramaticidade por conta da personagem Mary Morse, interpretada por Tracy
Middendor. Ex-companheira de Lota, é Morse quem apresenta as duas protagonistas
do filme.
Patrocínio
Orçado em R$ 13 milhões, "Flores raras" não atraiu investimentos da iniciativa privada. Segundo os produtores, será a primeira produção da LC Barreto iniciar as filmagens sem o total de recursos captados para concluí-la. Para Paula Barreto, o motivo envolve a temática homossexual da trama.
Orçado em R$ 13 milhões, "Flores raras" não atraiu investimentos da iniciativa privada. Segundo os produtores, será a primeira produção da LC Barreto iniciar as filmagens sem o total de recursos captados para concluí-la. Para Paula Barreto, o motivo envolve a temática homossexual da trama.
"Por enquanto temos R$ 9 milhões,
entre verba do BNDES, Globo Filmes, Imagem Filmes, Telecine e TurisRio, entre
outras instituições. Inclusive minha mãe (Lucy Barreto) colaborou com ações de
um banco para que as filmagens não parassem. A gente nunca achou que fosse
passar por essa dificuldade. É uma história linda, que tem que ser resgatada. E
não trata somente de um amor gay", ressaltou Paula.
"Flores raras" tem roteiro da
brasileira Carolina Kotscho e do americano Matthew Chapman e também traz no
elenco Treat Williams e Marcelo Airoldi, este último vivendo o governador
Carlos Lacerda.
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